sábado, 27 de junho de 2009

batismo de sangue

Quando os regatos límpidos do meu ser secarem,
minha alma perderá sua força.
Buscarei, então, pastagens distantes.
Lá onde o ódio não tem teto para repousar...
Nos dias primaveris, colherei flores para o meu jardim da saudade.
Assim, exterminarei a lembrança de um passado sombrio.


Batismo de Sangue, filme dirigido por Helvécio Ratton, inspirado no livro homônimo de Frei Betto. O trecho acima, ao que me parece, é atribuído a Frei Tito, religioso franciscano torturado durante a ditadura militar no Brasil. No filme, a interpretação vigorosa e comovente de Caio Blat nos faz viajar pelo universo angustiado de um ser humano vítima da tortura. Vale à pena assistir.
Dedico este post ao broder Samuel Neves.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

É pior do que se entrevar...

A saudade é uma das vicissitudes do amor
É preciso lembrar pra esquecer
É preciso peito pra guardar a dor


De tudo que foi derramado

amado

amado

amado

no chão que pisastes, com lâminas em teus pés

és?

ainda és...

Quem me faz lembrar
que na vida somos sós.
fim da chama é a cinza.
fim da vida é esperar.
Um eu que queria ser nós.
Um eco que queria saber gritar.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Tudo que agôo morre

Tudo que agôo morre.
Foi assim com o jasmineiro, com o alecrim
E as outras rosas...
Tenho uma mão podre que contamina o solo
E as horas,
Que não passam, insistem em morrer.
O seu odor acre infesta os ambientes e interiores.
Tem cheiro de flor, vela e incenso.
Cheiro de caixão.
De praça abandonada
Com folhas secas no chão.
De flores e frutos apodrecendo ao Sol.